“O Āyurveda é um sistema científico de medicina que teve

origem na Índia há milhares de anos (cerca de 5 mil anos).

Ele foi decodificado em sânscrito nos textos clássicos, chamados de Saṃhitās, dos quais os maiores,  que compõem aquilo que conhecemos como trindade maior, ou Bṛhat-Trayī, são o Caraka Saṃhitā, o Suśruta Saṃhitā e o Aṣṭāñga Hṛdayam  junto com o Aṣṭāñga Sangraha. 

É dito que Āyurveda  é algo que sempre existiu, que Brahma, a divindade suprema, lembra do Āyurveda, uma vez que essa medicina surgiu da observação da natureza e daquilo que ela proporciona para os seres humanos. Por isso, Āyurveda baseia-se na observação do funcionamento do corpo humano e como esse corpo sofre influências do meio onde ele está inserido. 

A palavra Āyu, em sânscrito, significa VIDA e Veda significa CONHECIMENTO. Portanto, Āyurveda é um conhecimento muito profundo da vida humana.

Ao longo desses milhares de anos, a relação do corpo humano com a natureza foi sendo mapeada e práticas para manter esse corpo atuando com o máximo da sua capacidade de funcionamento foram sendo estabelecidas. Sendo assim, seguir os princípios do Āyurveda é não somente tratar e prevenir doenças e desequilíbrios que podem ocorrer ao longo da vida, mas, também, garantir que o indivíduo tenha uma vida mais plena e feliz, ou seja, uma vida que realmente valha a pena ser vivida!

Para seguir o Āyurveda, você não precisa ser indiano, hinduísta, budista ou qualquer coisa que ache esquisito, tampouco precisa ser vegano ou vegetariano (uma crença bastante equivocada que se tem hoje em dia). A única coisa realmente necessária para colher os benefícios dessa ciência milenar é ter um corpo e disposição para conhecê-lo melhor e entender o que, de fato, te faz bem, o que não te faz bem, o que te deixa feliz e o que não te deixa feliz!

Com auto-observação e pequenas práticas diárias, qualquer pessoa pode se beneficiar muito dessa medicina. 

Para saber mais sobre os princípios do Āyurveda e começar a implementar suas práticas, fique ligado nos próximos conteúdos ou acesse meu podcast no spotify! Lá você encontra os primeiros capítulos de um dos textos clássicos, o Aṣṭāñga Hṛdayam, de forma resumida e traduzida! 

Espero que tenha gostado!

Um beijo e saúde a todos,

Juliana

Dinacharya (rotinas diárias) – o que REALMENTE importa!

Uma das primeiras coisas que as pessoas ouvem falar quando descobrem a medicina Ayurveda é o que chamamos de dinacharya (práticas para uma rotina diária). Não à toa, as rotinas diárias são uma série de hábitos simples e fáceis de serem implementados no dia-a-dia que possuem um enorme impacto positivo na manutenção da saúde do nosso corpo.

Práticas como acordar antes do sol nascer, o famoso brahma muhurta, raspar a língua, tomar água morna pela manhã, fazer bochecho com óleo de gergelim, fazer abhyanga (aplicação de óleo morno na pele) e aplicação de óleo nas narinas e nos ouvidos são alguns exemplos de dinacharya que chamam bastante a atenção dos amantes de Ayurveda.

Porém, todas essas ações só terão um impacto realmente positivo na nossa saúde se antes disso tudo pararmos para fazer a primeira coisa sugerida há milhares de anos pelos textos clássicos ayurvédicos, que nada mais é do que observar o corpo (sharira cinta, em sânscrito).

Pense comigo, acordar e seguir uma série de condutas de forma automática sem antes observar qual é a real necessidade do corpo naquele dia e naquele momento não parece fazer muito sentido, não é mesmo?

Isso porque somos seres orgânicos em constante mudança e aquilo que fizemos ontem que foi benéfico para a saúde ontem pode não ser bom para a nossa saúde hoje, ou pior, pode até ser prejudicial!

Se você acorda se sentindo letárgico, com muito sono, com indisposição e sensação de peso, por exemplo, fazer a aplicação de óleos no corpo vai possivelmente agravar esses sintomas!

Levantar antes do sol nascer se você só dormiu 5 horas quando precisava dormir, pelo menos, 8 horas não vai te deixar mais disposto e saudável, concorda?

Por isso, não adianta acordar cedo, pegar de cara o celular e sair aplicando uma série de condutas fixas na sua rotina sem se observar e achar que você vai estar mega ayurvédica arrasando no dinacharya que não é bem por aí!

Ayurveda não é sobre seguir às cegas inúmeros protocolos todos os dias, é sobre algo muito mais profundo e trabalhoso, sobre se conhecer e, principalmente, se OBSERVAR, todo santo dia!

É sobre acordar depois de uma noite de sono restauradora, se olhar no espelho, observar seu rosto, sua pele, seus olhos, sua língua e ver como eles estão, se estão mais ressecados, mais oleosos, com uma coloração diferente. 

É sobre sentir o seu corpo, perceber se tem algum local mais rígido precisando de alongamento, se há alguma sensação de peso para focar naquilo que trará leveza ao invés de simplesmente ignorar o que seu corpo está necessitando e seguir fazendo as mesmas coisas.

É sobre olhar para suas excretas, ou seja, seu xixi e seu coco, e identificar aspecto, cheiro e cor relacionando isso tudo que está saindo com aquilo que você colocou para dentro no dia anterior.

É sobre sentir se tem fome para se alimentar ao invés de comer qualquer coisa no automático, é fazer um chá com propriedades mais calmantes se você acordou acelerado ao invés de tomar um café, é respirar fundo, olhar para a luz do sol, se conectar à natureza, à sua essência e, principalmente, àquele que vai desempenhar todas as tarefas e funções ao longo do dia para que sejam feitas com presença e consciência! Isso é Ayurveda! Isso é dinacharya! 

Então, te convido a implementar as rotinas diárias dessa medicina milenar indiana tão sábia e tão incrível para nossa saúde começando com a parte mais importante do dinacharya, sharira cinta, a auto-observação! Topa?!

Essa simples e poderosa ferramenta pode fazer maravilhas pela sua vida e, aos poucos, a implementação de novas condutas se dará de forma natural e com muito mais eficácia! Afinal, o que importa mesmo, não é somente cuidar do corpo físico, mental e espiritual, mas sim garantir que esse cuidado nos leve a viver uma vida que realmente faça sentido!

Então vamos juntos?

Beijos no coração,

Juliana

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